House T01 - T05
O hômi é insuportável, mas é genial
Spoilers Leves
Série de 2004, conta no elenco com Hugh Laurie (House), Robert Sean Leonard (Wilson), Lisa Edelstein (Lisa Cuddy), Jesse Spencer (Chase), Jennifer Morrison (Cameron), Omar Epps (Foreman), Peter Jacobson (Taub), Olivia Wilde (Hadley, 13), Karl Penn (Kutner) e Anne Dudek (Amber).
House é uma série antiga, verdade, mas tive vontade de revisitá-la para ver o quanto tinha envelhecido bem (ou não) e para avaliar o grau de chororô que causaria na geração sensível de hoje, e se ela estaria a altura das séries atuais.
Antes de tudo House, o personagem que dá nome série, precisa ser devidamente apresentado para o eventual público que não viu a série e relembrado para aqueles que já a viram. Gregory House é um médico genial e chefe do departamento de diagnósticos do hospital Princeton Plainsboro. O problema dele é ser um narcisista escroto que não hesita em ser desagradável, irônico e quase irredutível com qualquer um, sejam pacientes, funcionários ou chefes. E todas essas características são potencializadas por um quadro de dor crônica em uma perna mutilada, o que faz House ser o pior de si mesmo em diversas ocasiões. Mas como pode uma criatura tão "desprezível" ser um médico, um salvador de vidas? House aceita apenas casos que sejam um desafio à sua genialidade e transforma tudo em uma espécie de jogo que desafia seu intelecto.
O decorrer dos episódios são preenchidos pela sua equipe de médicos, James Wilson, melhor amigo de House, e da chefe do hospital, Dra. Lisa Cuddy. As coisas não são tão unidimensionais quanto parecem ser e no dia a dia do Princeton Plainsboro são dadas as peças do quebra cabeça da personalidade do médico e personagens fixos, assim como outros que entram e saem a cada episódio. Não há uma desculpa para justificar que House seja uma pessoa desagradável e se diga "coitadinho, ele é assim porque a vida o fez assim", por outro lado há motivos para que ele se mantenha assim. House, como qualquer um, tem problemas enraizados profundamente dentro dele, assim como algumas oportunidades para mudar. E assim a série mostra que, ao contrário do que poderia se pensar, uma pessoa desagradável também tem múltiplas camadas, e mesmo tendo dificuldades para processar seus próprios dilemas e traumas eventualmente pode ser voluntariosa e fazer o bem. Essa mistura e aparente contradição não torna House um vilão, mas o torna mais próximo de ser visto como um simples humano que às vezes é digna de pena, às vezes raiva, desapontamento e mesmo admiração.
O seriado não é excessivamente dramático, nem se prende em um realismo hospitalar/médico, mas desde o início traz para o público o interesse de se desvendar a charada do diagnóstico do episódio, das reações dos personagens, os insights geniais e as divertidas tiradas irônicas de House além do desafio de suportá-lo no dia a dia. Embora o cenário principal de House e sua premissa seja a mesma no decorrer de todas as temporadas, que contam com 16 a 24 episódios, elas conseguem se manter interessantes com a ajuda de algumas mudanças e, claro, com a natureza dinâmica de um ambiente em que cada dia é potencialmente diferente do anterior.
Se exibida hoje a série certamente seria massacrada pelos guerreiros da justiça e da virtude que arrancariam seus cabelos em cada observação irônica, deboches e ironias com estereótipos, da indiferença de House em situações emocionais ou questões éticas. E eu preciso dizer que a equipe de roteiristas deve ser respeitada ainda hoje. Escrever 20 episódios por temporada que sejam variações sobre o mesmo tema e ainda assim se apresentem interessantes não é uma tarefa fácil. E ainda mais desafiador quando traz o tema médico que tem a necessidade de ser verossímil e interessante para o público leigo. House envelheceu muito bem, com uma exceção aqui e ali a qualidade da produção não fica muito atrás das séries que muitas vezes se esmeram mais pelo virtuosismo técnico do que pelo criativo.
House é uma série antiga, verdade, mas tive vontade de revisitá-la para ver o quanto tinha envelhecido bem (ou não) e para avaliar o grau de chororô que causaria na geração sensível de hoje, e se ela estaria a altura das séries atuais.
Antes de tudo House, o personagem que dá nome série, precisa ser devidamente apresentado para o eventual público que não viu a série e relembrado para aqueles que já a viram. Gregory House é um médico genial e chefe do departamento de diagnósticos do hospital Princeton Plainsboro. O problema dele é ser um narcisista escroto que não hesita em ser desagradável, irônico e quase irredutível com qualquer um, sejam pacientes, funcionários ou chefes. E todas essas características são potencializadas por um quadro de dor crônica em uma perna mutilada, o que faz House ser o pior de si mesmo em diversas ocasiões. Mas como pode uma criatura tão "desprezível" ser um médico, um salvador de vidas? House aceita apenas casos que sejam um desafio à sua genialidade e transforma tudo em uma espécie de jogo que desafia seu intelecto.
O decorrer dos episódios são preenchidos pela sua equipe de médicos, James Wilson, melhor amigo de House, e da chefe do hospital, Dra. Lisa Cuddy. As coisas não são tão unidimensionais quanto parecem ser e no dia a dia do Princeton Plainsboro são dadas as peças do quebra cabeça da personalidade do médico e personagens fixos, assim como outros que entram e saem a cada episódio. Não há uma desculpa para justificar que House seja uma pessoa desagradável e se diga "coitadinho, ele é assim porque a vida o fez assim", por outro lado há motivos para que ele se mantenha assim. House, como qualquer um, tem problemas enraizados profundamente dentro dele, assim como algumas oportunidades para mudar. E assim a série mostra que, ao contrário do que poderia se pensar, uma pessoa desagradável também tem múltiplas camadas, e mesmo tendo dificuldades para processar seus próprios dilemas e traumas eventualmente pode ser voluntariosa e fazer o bem. Essa mistura e aparente contradição não torna House um vilão, mas o torna mais próximo de ser visto como um simples humano que às vezes é digna de pena, às vezes raiva, desapontamento e mesmo admiração.
O seriado não é excessivamente dramático, nem se prende em um realismo hospitalar/médico, mas desde o início traz para o público o interesse de se desvendar a charada do diagnóstico do episódio, das reações dos personagens, os insights geniais e as divertidas tiradas irônicas de House além do desafio de suportá-lo no dia a dia. Embora o cenário principal de House e sua premissa seja a mesma no decorrer de todas as temporadas, que contam com 16 a 24 episódios, elas conseguem se manter interessantes com a ajuda de algumas mudanças e, claro, com a natureza dinâmica de um ambiente em que cada dia é potencialmente diferente do anterior.
Se exibida hoje a série certamente seria massacrada pelos guerreiros da justiça e da virtude que arrancariam seus cabelos em cada observação irônica, deboches e ironias com estereótipos, da indiferença de House em situações emocionais ou questões éticas. E eu preciso dizer que a equipe de roteiristas deve ser respeitada ainda hoje. Escrever 20 episódios por temporada que sejam variações sobre o mesmo tema e ainda assim se apresentem interessantes não é uma tarefa fácil. E ainda mais desafiador quando traz o tema médico que tem a necessidade de ser verossímil e interessante para o público leigo. House envelheceu muito bem, com uma exceção aqui e ali a qualidade da produção não fica muito atrás das séries que muitas vezes se esmeram mais pelo virtuosismo técnico do que pelo criativo.