Quarta temporada da série conta no elenco com Antony Starr (Capitão Pátria), Karl Urban (Billy Butcher), Jack Quaid (Hughie Campbell), Erin Moriarty (Annie January/Luz Estrela), Karen Fukuhara (Kimiko), Chace Crawford (Profundo), Laz Alonso (Leitinho), Tomer Capone (Francês), Claudia Doumit (Victoria Neuman), Jessie T. Usher (Trem Bala), Susan Heyward (Mana Sábia), Valorie Curry (Espoleta), Jeffrey Dean Morgan (Joe Kessler), Cameron Crovetti (Ryan) e outros.

The Boys foi feita com a premissa básica de retratar e então desenvolver uma inversão de papéis que conduz a uma realidade com ar distópico: humanos com super poderes e que deveriam ser um referencial ético e moral, com todo o potencial para fazer o bem, são justamente o contrário do que se esperaria deles, eles são depravados egocêntricos. Do outro lado, os "the boys", um grupo formado por desajustados sociais, cheios de defeitos e de quem pouco se esperaria qualquer tipo de atitude positiva, se propõe a enfrentar os abusos destes "supers".

O problema desta temporada é que a série mergulhou mais no proselitismo político do que se dedicou a desenvolver seus personagens e contar a história a que originalmente se propôs. A tensão entre os grupos seguidores da Luz Estrela e Capitão Pátria e que poderia perfeitamente ser deixada como um plano de fundo para ser mais uma ideia de contraste entre boys e supers, passou a escancaradamente retratar e supostamente replicar fundamentos políticos de esquerda e direita e, com isso, deixou de alimentar adequadamente a trama. O resultado é um panfletarismo político raso e tedioso, com direito a abordagem de temas como eutanásia, aborto e patriarcado. E é preciso deixar bem claro que por si só isso não seria um problema se essa discussão política fosse a intenção inicial da série, contudo o que acabamos tendo é um cavalo de Troia, um bait insosso.

Com tamanha perda de foco The Boys se arrasta por sete capítulos para levar os personagens de um lugar para outro para então voltarem aonde originalmente estavam. O relacionamento do Francês e Kimiko é interrompido para ser reatado, Billy fica o tempo todo sem fazer algo que realmente preste para se tornar novamente o "velho" Billy, Hughie e Annie (Luz Estrela) não saem do lugar e Leitinho fica perdido no meio disso tudo como um líder inepto. O mesmo pode-se dizer de Capitão Pátria, ele manda, desmanda, se enfurece, se contorce em suas carências e se debate na relação instável com Ryan, seu filho. Tudo é uma enrolação orquestrada para finalmente ter um grande avanço no último capítulo, episódio que deixa uma enorme expectativa da próxima temporada ser o gran finale de The Boys.

O desleixo com os personagens, situações mal explicadas, o clima de horário eleitoral assim como contraste entre a tediosa lentidão narrativa e do encerramento apressado foram decisivos para que esta temporada possa ser considerada a pior do seriado. Nem mesmo o gore, uma das marcas registradas da série, passou a ser mais banalizado e perdeu um tanto de sua função de enriquecer a narrativa distópica e caótica dessa realidade. Se o showrunner Eric Kripke não der uma guinada e voltar sua atenção de suas preferências políticas para novamente pensar o que The Boys realmente é, muito provavelmente teremos uma quinta temporada tão ruim quanto essa.