True Detective T04
Uma terra sem sol, mas com muito gelo e bizarrices
Spoilers Médios
A quarta temporada de True Detective: Terra Noturna (2024) conta com Jodie Foster (Liz Danvers), Kali Reis (Evangeline Navarro), Fiona Shaw (Rose Aguineau), Finn Bennet (Peter Prior) e outros. Série com 06 episódios.
Começo confessando: não vi as temporadas anteriores de True Detective, se você procura exclusivamente por uma opinião comparativa com as temporadas predecessoras, se foi pior, melhor, mais do mesmo, esqueça.

Dito isto, sigamos. A série se desenvolve com a investigação de um crime envolvendo várias vítimas em uma situação pra lá de bizarra, e a ideia é incutir na cabeça do público uma certa sensação de terror. Terror esse que ao longo dos capítulos é trabalhado com eventuais aparições de pessoas mortas, visões e o clima místico que envolve a cidade de Ennis, cuja população é composta por esquimós locais e outros “forasteiros”. E, digas-se de passagem, Ennis, no Alaska, tem a cara do lugar que é insuportável de se viver. Uma cidade pequena com uma indústria que é odiada pelos locais, meia dúzia de negócios, gelo, neve e mais neve em um inverno que resulta em dias seguidos de escuridão.
A oficial local de Ennis que deve desvendar o crime é Liz Denvers. Jodie Foster faz uma policial que é uma verdadeira escrotinha, Liz é odiada por transar com homens casados, é uma workaholic que abusa dos seus colegas, tem problemas com superiores e não consegue se relacionar bem com a filha adolescente. E essa ficha ainda inclui a culpa pela perda de um filho.
A segunda protagonista de Terra Noturna é a policial Navarro. Navarro tem o pavio curto e não custa muito para ela sair no soco ou quebrando tudo. Por ser uma esquimó e policial ela ainda carrega o estigma de ser aquela que se voltou contra o próprio povo. E a ficha de Navarro é completa com uma considerável carga traumática devido à distúrbios mentais da família.
Para completar a cereja do bolo Navarro e Denvers não se suportam e tem diferenças de um passado nebuloso, elas formam a previsível e clássica dupla de policiais que se odeiam e, para resolver algo que está acima delas, devem unir forças. Os episódios da série trabalham tanto a investigação policial quanto as questões pessoais, da cidade de Ennis e seus habitantes, da cultura esquimó e da a burocracia policial. O clima congelante e de escuridão em dias consecutivos do inverno da longínqua Ennis ainda exercem um elemento que adiciona um ar de constante amargura e hostilidade.
O que é um diferencial para a série, e pode ser tanto uma força ou fraqueza, são os elementos sobrenaturais que são colocados aqui e ali interferindo na investigação. Assim cabe à audiência decidir se existe um algo a mais intangível que tem uma influência sobre Ennis e seus habitantes, se é algo que existe apenas no psicológico abalado dos personagens ou se é apenas o resultado do pessoal criativo que se reuniu, identificou um problema e sentenciou: “bota uma porra sobrenatural aí, tá resolvido de novo, caraio”. Eu diria que vi tantos erros quanto acertos nessa abordagem, no fim das contas esse enfoque não me incomodou muito.
Terra Noturna tem uma resolução para várias questões que ela levanta ao longo dos seus episódios, o que é positivo - visto que muitas séries jogam uma coleção de mistérios e em seu final são incapazes de explicar metade do que propuseram. Vale destacar que a solução do crime bizarro que desencadeia tudo me pareceu ficar aquém do que poderia ser imaginado e/ou intuído pelo público, deixando uma impressão de que faltou um esmero dos roteiristas nesse fechamento. Adicionalmente um outro crime simplesmente é meio que “varrido para debaixo do tapete”. Dito isto, até mesmo os conflitos e dramas pessoais que modelaram boa parte da trama contaram com um desfecho que se não foi ideal, foi pelo menos adequado. Meu veredito é que Terra Noturna não é uma obra prima, mas vale ser vista.
Começo confessando: não vi as temporadas anteriores de True Detective, se você procura exclusivamente por uma opinião comparativa com as temporadas predecessoras, se foi pior, melhor, mais do mesmo, esqueça.

Dito isto, sigamos. A série se desenvolve com a investigação de um crime envolvendo várias vítimas em uma situação pra lá de bizarra, e a ideia é incutir na cabeça do público uma certa sensação de terror. Terror esse que ao longo dos capítulos é trabalhado com eventuais aparições de pessoas mortas, visões e o clima místico que envolve a cidade de Ennis, cuja população é composta por esquimós locais e outros “forasteiros”. E, digas-se de passagem, Ennis, no Alaska, tem a cara do lugar que é insuportável de se viver. Uma cidade pequena com uma indústria que é odiada pelos locais, meia dúzia de negócios, gelo, neve e mais neve em um inverno que resulta em dias seguidos de escuridão.
A oficial local de Ennis que deve desvendar o crime é Liz Denvers. Jodie Foster faz uma policial que é uma verdadeira escrotinha, Liz é odiada por transar com homens casados, é uma workaholic que abusa dos seus colegas, tem problemas com superiores e não consegue se relacionar bem com a filha adolescente. E essa ficha ainda inclui a culpa pela perda de um filho.
A segunda protagonista de Terra Noturna é a policial Navarro. Navarro tem o pavio curto e não custa muito para ela sair no soco ou quebrando tudo. Por ser uma esquimó e policial ela ainda carrega o estigma de ser aquela que se voltou contra o próprio povo. E a ficha de Navarro é completa com uma considerável carga traumática devido à distúrbios mentais da família.
Para completar a cereja do bolo Navarro e Denvers não se suportam e tem diferenças de um passado nebuloso, elas formam a previsível e clássica dupla de policiais que se odeiam e, para resolver algo que está acima delas, devem unir forças. Os episódios da série trabalham tanto a investigação policial quanto as questões pessoais, da cidade de Ennis e seus habitantes, da cultura esquimó e da a burocracia policial. O clima congelante e de escuridão em dias consecutivos do inverno da longínqua Ennis ainda exercem um elemento que adiciona um ar de constante amargura e hostilidade.
O que é um diferencial para a série, e pode ser tanto uma força ou fraqueza, são os elementos sobrenaturais que são colocados aqui e ali interferindo na investigação. Assim cabe à audiência decidir se existe um algo a mais intangível que tem uma influência sobre Ennis e seus habitantes, se é algo que existe apenas no psicológico abalado dos personagens ou se é apenas o resultado do pessoal criativo que se reuniu, identificou um problema e sentenciou: “bota uma porra sobrenatural aí, tá resolvido de novo, caraio”. Eu diria que vi tantos erros quanto acertos nessa abordagem, no fim das contas esse enfoque não me incomodou muito.
Terra Noturna tem uma resolução para várias questões que ela levanta ao longo dos seus episódios, o que é positivo - visto que muitas séries jogam uma coleção de mistérios e em seu final são incapazes de explicar metade do que propuseram. Vale destacar que a solução do crime bizarro que desencadeia tudo me pareceu ficar aquém do que poderia ser imaginado e/ou intuído pelo público, deixando uma impressão de que faltou um esmero dos roteiristas nesse fechamento. Adicionalmente um outro crime simplesmente é meio que “varrido para debaixo do tapete”. Dito isto, até mesmo os conflitos e dramas pessoais que modelaram boa parte da trama contaram com um desfecho que se não foi ideal, foi pelo menos adequado. Meu veredito é que Terra Noturna não é uma obra prima, mas vale ser vista.